Leão
Leão a minha avó não conheceu. Nunca teve o prazer. Nunca foi apresentada. Mas, a velha deitada dizia: filho de peixe, peixinho é.
Isso vale para outros bichos. Com o leão também é igual. Nada fala, tudo espia. Sem um pio, sem um fio de voz. Só em riso, pensamento, ironiza o mundo no andar de baixo.
Mas o leão da minha história era muito diferente. O mundo queria mudar. Não o mundo, mas a vida. Queria enganar o silêncio que lhe esganava a garganta. Queria encolher a dor de não escolher palavras. Queria desemudecer.
E não bastava soltar umas palavras no vento. Também sonhava em cantar. Sonhava encantar o dia, molhar as tardes de poesia, melar o canto da noite com doces melodias.
Prestava atenção no trovão no temporal, na ventania.
Tentava imitar o azulão, a cotovia, o rouxinol. Mas a voz não derramava. Então reclamava baixinho: para que tanta altitude pra cantar só passarinho?
O leão andava injuriado. Andava toda a cidade, do alto dos seus andares, adorando a paisagem. Mas ficava na saudade o canto de homenagem.
Um dia, jurava o leão, um dia eu consigo cantar.
Reny Laila – 8º ano B
Professora- Ray
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